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Histórico da refrigeração

Desde a pré-história, o homem tem a necessidade ou pelo menos vontade, de obter formas de resfriamento que façam com que alimentos ou outras substâncias alcancem temperaturas inferiores à do ambiente. Os métodos mais antigos de produção do frio faziam uso do gelo natural ou de misturas de sal e neve.

Registros anteriores a 2.000 A.C indicam que os efeitos exercidos por baixas temperaturas sobre a preservação de alimentos já eram conhecidos.

A menção histórica mais antiga a esse respeito data de aproximadamente 1.000 A.C. num antigo livro de poemas chinês, chamado Shi Ching. Essas casas de armazenamento eram feitas de diversos materiais isolantes, como a palha e o esterco.

Alexandre, “O Grande”, serviu bebidas resfriadas com neve aos seus soldados por volta de 300 A.C.

A civilização chinesa usava o gelo natura proveniente de rios e lagos congelado, a fim de conservar o chá que consumiam, eles armazenavam o gelo em casas especiais ou covas (poços cavado na terra) cobertas com palhas.

O gelo natural era enviado dos locais de clima frio ou era recolhido durante o inverno e armazenado nessas casas especiais, bem isoladas termicamente. As civilizações gregas e romanas aproveitavam-se da mão de obra escrava para a obtenção do gelo, (formado no alto das montanhas) para preparação de bebidas e alimentos gelados.

Outro exemplo é a civilização egípcia, que devido a sua situação geográfica e clima de seu país, não dispunham de gelo natural. Eles refrescavam-se através da evaporação da água, usando vasos de barro, semelhantes às moringas, tão comuns no interior do Brasil.

O barro, sendo poroso, deixa passar uma pequena quantidade da água contida no seu interior para a superfície da moringa, a evaporação desta para o ambiente e faz baixar a temperatura da moringa e conseqüentemente da água.

No inicio o gelo estava disponível apenas para os ricos e poderosos. Em 1806 um homem chamado “Frederick Tudor” deu início a um negócio no qual blocos de gelo eram retirados do rio Hudson (Nova York) e mananciais próximos, e vendido a grande parte da população, por um preço bem acessível.

Tudor eventualmente despachava gelo para locais ao redor do mundo e sua primeira empreitada foi um carregamento de 130 toneladas, para o porto de St. Pierre, na ilha de Martinique, na região do Caribe. O gelo era desconhecido por lá e não havia instalações para armazená-lo. A empreitada poderia ter sido um desastre caso Tudor não tivesse se associado a um proprietário local do setor de alimentos com o qual produziu e comercializou sorvetes.

Um intenso movimento de cargas foi mantido para os estados do sul dos EUA até ser suspenso pela guerra civil americana. Diversos empresários entraram no negócio do comércio de gelo e começaram a trazê-lo de outras localidades. Dados históricos revelam que 156 mil toneladas de gelo foram embarcadas em Boston, em 1854.

As casas de gelo, ao longo dos EUA, costumeiramente faziam uso de serragem como isolante térmico e muitas tinham paredes de até 1 metro de espessura.

O comércio de gelo natural continuou mesmo depois do desenvolvimento do gelo artificial, estimulado pelo argumento que tinha qualidades superiores ao feito pela mão do homem, pois era crença geral que o gelo artificial era prejudicial à saúde humana, O negócio só terminou por volta de 1930.

Historicamente, atribui-se a Francis Bacon, em 1626, o feito de utilizar a refrigeração para conservar alimentos de forma científica. Ele realizou experiências com galinhas enterradas na neve para ver se isto as preservavam; mas apenas com o descobrimento do microscópio em 1683 é que se pode conhecer em detalhes o mecanismo de deterioração dos alimentos.

Com o auxílio do microscópio os cientistas estudaram as bactérias, enzimas e fungos. Eles descobriram que estes organismos microscópios presentes nos alimentos se multiplicavam rapidamente em temperaturas elevadas e desta forma deterioravam os alimentos, porém, pareciam hibernar (dormir) a baixas temperaturas.

No século XVIII a industria do gelo viveu uma grande expansão devido aos estudos desses microrganismos, pois até então o gelo só era usado para refrigerar bebidas e alimentos para melhorar o paladar.

Antes da descoberta, os alimentos eram deixados no seu estado natural, estragando-se rapidamente. Para conservá-los por maior tempo era necessário submetê-los a salgação, defumação ou uso de condimentos. Esses tratamentos na maioria dos casos diminuíam a qualidade do alimento e modificavam seu sabor. Com a descoberta, abria-se a possibilidade de se conservar os alimentos frescos, com todas as suas qualidades, durante um período de tempo maior.

Agora o gelo era distribuído até longas distâncias através de navios dotados de isolamento com serragem. Levado até as residências através de carroças, o gelo era armazenado nas residências em armários isolados, chamados de geladeiras

Tais aparelhos eram constituídos simplesmente por um recipiente, quase sempre isolados por meio de placas de cortiça, dentro do qual eram colocados pedras de gelo e os alimentos a conservar. A fusão do gelo absorvia parte do calor dos alimentos e reduzia, de forma considerável, a temperatura no interior da geladeira.

Desta forma o alimento poderia ser mantido em seu estado natural pelo uso do frio ao invés de preservá-la através da defumação ou salgamento. O uso da refrigeração para este fim estendeu-se para o mundo todo.

Contudo o uso do gelo natural trazia consigo uma serie de inconvenientes que prejudicavam seriamente o desenvolvimento da refrigeração, tornando-a de valia relativamente pequena.

Assim ficava-se na dependência direta da natureza para a obtenção da matéria primordial.

O gelo que só se formava no inverno e nas regiões de clima de baixa temperatura. O fornecimento, portanto, era bastante irregular e, em se tratando de paises com temperaturas elevadas, ficavam sujeito a um transporte demorado, no qual a maior parte se perdia por derretimento, especialmente porque os meios de conservá-lo durante esse transporte eram bastante deficiente. Mesmo nos locais onde o gelo se formava naturalmente a estocagem era muito difícil, só podendo ser feitas por períodos relativamente curtos.

Por este motivo, engenheiros e pesquisadores voltaram-se para a busca de meios e processos que permitissem a obtenção artificial de gelo, liberando o homem da dependência da natureza. O objetivo era produzir gelo artificialmente.

O professor universitário Willian Cullen, em 1755, trabalhando com o éter, um fluido volátil (que se vaporiza mais facilmente que a água), baixou a pressão do mesmo para facilitar a evaporação e acelerar o processo de retirada de calor de uma pequena quantidade de água.

Produziu-se pela primeira vez gelo artificial. Mas o processo de retirada de calor da água pelo éter é descontínuo, necessitando de constante reposição do éter.

A produção artificial do frio

Em 1805, Oliver Evans, um inventor americano, projetou a primeira máquina de refrigeração movida a vapor, mas nunca construiu uma.

Em 1834, Jacob Perkins (físico americano cujos experimentos científicos provaram a compressibilidade da água) modificou o projeto de Oliver Evans, e patenteou a primeira descrição detalhada de um equipamento para a produção de gelo.

Mas o primeiro equipamento real foi construído por James Harrison entre 1856 e 1857.

Antes disso, (em 1855) surgiu na Alemanha um outro tipo de mecanismo para fabricação do gelo artificial, este, baseado no principio da absorção, descoberto em 1824 pelo inglês, físico e químico Michael Faraday.

Durante cerca de meio século os aperfeiçoamentos nos processos de fabricação de gelo artificial foram se acumulando, surgindo sistematicamente melhorias nos sistemas, com maiores rendimentos e melhores condições de trabalho. Entretanto, a produção propriamente dita fez poucos progressos neste período, em conseqüência da prevenção do publico consumidor contra o gelo artificial, pois apesar de estarem cientes das vantagens apresentadas pela refrigeração, era crença geral que o gelo produzido pelo homem era prejudicial a saúde humana.

Tal crença era completamente absurda, mas como uma minoria aceitava o gelo artificial, o seu consumo era relativamente pequeno. Todavia, a própria natureza encarregou-se de dar fim a tal situação. Em 1890, o inverno nos Estados Unidos, um dos maiores produtores de gelo natural da época, foi muito fraco. Em conseqüência, quase não houve formação de gelo neste ano, naquele país. Como não havia gelo natural, a situação obrigou que se usasse o artificial, quebrando o tabu existente contra este ultimo e mostrando inclusive, que o mesmo era ainda melhor que o produto natural, por ser feito com água mais pura e poder ser produzido à vontade, conforme a necessidade do consumo.

Surgiu dessa forma, o impulso que faltava a industria de produção mecânica de gelo. Uma vez aceito pelo consumidor, a demanda cresceu vertiginosamente e passaram a surgir com rapidez crescente, as usinas de fabricação de gelo artificial por toda parte.

Apesar da plena aceitação da do gelo artificial e a plena disponibilidade da mesma para todas as classes sociais, a sua fabricação continuava a ter de ser feita em instalações especiais, as usinas de gelo, não sendo possível à produção do mesmo na própria casa dos consumidores.

Figura típica da época era o geleiro, que com sua carroça isoladas percorria os bairros, entregava nas casas dos consumidores, periodicamente, as pedras de gelo que deviam ser colocadas nas geladeiras.

No alvorecer do século XX, começou a se disseminar outra grande conquista, a eletricidade. Os lares começavam a substituir os candeeiros de óleo e querosene e os lampiões de gases, pelas lâmpadas elétricas, (notável invenção de Thomas Alva Edison), e a dispor da eletricidade para movimentar pequenas máquinas e motores. Com esta nova fonte de energia, os técnicos buscaram meios de produzir o frio artificial em pequena escala, na própria residência dos usuários.

O primeiro refrigerador domestico foi produzido em 1913, mas sua aceitação foi mínima tendo em vista que o mesmo era constituído de um sistema de operação manual, exigindo atenção constante, muito esforço e apresentado baixo rendimento.

Só em 1918 é que apareceu o primeiro refrigerador automático, movido a eletricidade, e que foi fabricado pela “Kevlinator Company”, dos Estados Unidos. No entanto, o primeiro refrigerador a ter sucesso mundial foi criado pela “General Electric” , em 1927, tendo sido produzido em larga escala (mais de um milhão de unidades), sendo que alguns exemplares continuam em funcionamento até hoje.

A partir de então, e evolução foi tremenda, com uma produção sempre crescente de refrigeradores mecânicos.

Jefferson Cerretti

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